Como identificar um ambiente de trabalho tóxico? Responda o QUIZ e saiba como agir
10/03/2025
(Foto: Reprodução) Em 2024, foram quase meio milhão de afastamentos motivados por transtornos mentais. Esse é o maior número em pelo menos dez anos. O governo federal concedeu um número recorde de afastamentos do trabalho por causa de saúde mental no ano passado: mais de 470 mil. Esse é o maior número em pelo menos dez anos (entenda mais). Estar exposto a situações de riscos no local de trabalho que levam ao adoecimento mental é uma das principais causas, segundo a coordenadora-geral do Ministério do Trabalho, Viviane Forte.
Abaixo, com a consultoria da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), o g1 preparou um QUIZ, com uma sequência de perguntas para te ajudar a entender situações que podem levar ao adoecimento mental no trabalho. Após o teste, leia também sobre como acessar os canais do Ministério do Trabalho para denúncias de situações de risco.
Como saber se você está em um ambiente de trabalho tóxico?
➡️ Como é identificado um local de trabalho tóxico?
Segundo a coordenadora-geral do Ministério do Trabalho, existem diversas situações e indícios que levam um ambiente de trabalho a ser considerado tóxico. Entre os principais fatores estão:
metas excessivas
jornadas extensas
ausência de suporte
assédio moral
conflitos interpessoais
falta de autonomia no trabalho
condições precárias de trabalho
Segundo Thatiana Cappellano, pesquisadora sobre os transtornos mentais no contexto do trabalho, um dos principais gatilhos que causam o adoecimento mental do trabalhador é a intensificação da jornada, pressão excessiva por meta, e a precarização dos empregos.
“Boa parte das pessoas hoje seguem tendo que fazer atividade de três pessoas, mas em uma só função. Se as pessoas continuarem trabalhando no ritmo que elas trabalham, elas vão continuar adoecendo mentalmente”, explica.
Já segundo Luana Carvalho, Diretora de Comunicação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), afirma que é essencial encontrar um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, além de priorizar os cuidados com a saúde mental.
Ministério do Trabalho atualizou a NR-1, norma que traz as diretrizes de saúde no ambiente do trabalho.
Freepik/reprodução
🤔 O que mudou na NR-1?
Recentemente, o governo anunciou uma atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que apresenta as diretrizes de saúde mental no ambiente do trabalho.
Com as atualizações, a partir de maio o Ministério do Trabalho passa a fiscalizar os riscos psicossociais no processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), o que pode, inclusive, acarretar multa para as empresas.
➡️ Os riscos psicossociais incluem metas excessivas, jornadas extensas, ausência de suporte, assédio moral, conflitos interpessoais e falta de autonomia no trabalho, que podem causar estresse, ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental nos trabalhadores.
Segundo Viviane Forte, a ideia da atualização é trazer mais clareza sobre o tema saúde mental dos empregados e os critérios vão ser exigidos independentemente do tamanho da empresa.
“Caso os riscos sejam identificados, será necessário elaborar e implementar planos de ação, incluindo medidas preventivas e corretivas, como reorganização do trabalho ou melhorias nos relacionamentos interpessoais”, explica a coordenadora.
A fiscalização será realizada de forma planejada, através de denúncias que são encaminhadas ao Ministério. Empresas de teleatendimento, bancos e estabelecimentos de saúde são prioridades por conta do alto índice de adoecimento mental.
As inspeções, feitas por auditores-fiscais, verificam o local de trabalho e dados de afastamentos por conta de doenças ou acidentes e rotatividade de funcionários. Eles também conversam com trabalhadores e analisam documentos para identificar possíveis situações de risco.
Caso sejam encontrados episódios que justifiquem o adoecimento mental dos trabalhadores, é aplicada uma multa que varia entre R$ 500 a R$ 6 mil por cada situação.
Além disso, o empregador vai ter um prazo para ajustar o formato de trabalho e evitar mais afastamentos. As ações adotadas pelas empresas serão monitoradas pelo Ministério do Trabalho.
⚠️ Como denunciar?
Existem diversos canais para denúncias trabalhistas nos casos de empregados que estão passando por situações de riscos psicossociais. São eles:
Canal de Denúncias para Inspeção do Trabalho: canal online do Ministério do Trabalho para denúncias trabalhistas;
Fala.br: plataforma integrada de ouvidoria e acesso à informação da Controladoria-Geral da União;
Central Alô Trabalho: o número 158 funciona de segunda a sábado, das 7h às 22h (horário de Brasília). A ligação gratuita de qualquer telefone fixo, mas chamadas por celular serão cobradas.
Superintendências Regionais do Trabalho: são responsáveis por executar, supervisionar e monitorar ações relacionadas a políticas públicas de trabalho nos estados.
O denunciante não precisa se identificar, basta acessar um dos sistemas e inserir o maior número possível de informações.
A ideia é que a fiscalização possa, a partir dessas informações do denunciante, analisar se o caso de fato configura em riscos psicossociais e realizar as verificações no local.
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